Arqueólogos que trabalham em escavações em Pompeia encontraram uma padaria que funcionava como uma prisão – e onde escravos e burros ficavam confinados e eram explorados para moer farinha, informou o Parque Arqueológico de Pompeia em um comunicado oficial divulgado nesta sexta-feira (8).
O local encontrado tem espaço apertado com apenas pequenas janelas com grades de ferro para a passagem de luz e recuos no piso para direcionar o movimento dos animais. A padaria está localizada na seção Regio IX do popular sítio turístico, onde as escavações estão em andamento como parte de um projeto maior que tem por objetivo proteger e consolidar as áreas ainda não escavadas de Pompeia.
Presume-se que a habitação que continha a padaria estava em processo de reforma quando a erupção do Monte Vesúvio, em 79 d.C., levou à sua destruição. No entanto, a descoberta de três corpos em um dos quartos da padaria nos últimos meses sugere que a propriedade ainda abrigava indivíduos no momento da erupção.
Um local apavorante
A casa foi dividida em uma seção residencial de um lado e uma padaria comercial do outro. Sem portas e qualquer comunicação externa, a área de produção tinha apenas uma saída que levava ao átrio da casa, restringindo a circulação de indivíduos em seu interior. Já ao lado da padaria ficava a área da prisão, que, segundo o diretor do Parque Arqueológico de Pompeia, Gabriel Zuchtriegel, era mal iluminada.
“É, em outras palavras, um espaço no qual temos que imaginar a presença de pessoas de status servil cuja liberdade de movimento o proprietário sentiu a necessidade de restringir”, observa. “É o lado mais chocante da escravidão antiga, aquele desprovido de relações de confiança e promessas de alforria, onde éramos reduzidos à violência bruta, impressão que é inteiramente confirmada pela fixação das poucas janelas com barras de ferro”, completa.
Exposição mostrará a realidade sombria de Pompeia
A realidade sombria do cotidiano do espaço recém-descoberto complementa a narrativa apresentada na exposição “A Outra Pompeia: Vidas Ordinárias à Sombra do Vesúvio”, que estreia no próximo dia 15 de dezembro no Palestra Grande, em Pompeia, Nápoles.
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A exposição lança luz sobre os indivíduos esquecidos, como os escravos, que, embora muitas vezes negligenciados pelas fontes históricas, constituíam a maioria da população, contribuindo significativamente para a economia, a cultura e o tecido social da civilização romana.
Pompeia foi uma cidade do Império Romano situada a 22 km da cidade de Nápoles, na Itália, no território do atual município de Pompeia – onde será apresentada a exposição.
Com informações do Parque Arqueológico de Pompeia e Euronews.
Jornalista pioneiro no campo da internet brasileira, Mario Cavalcanti começou a trabalhar com conteúdo online em 1996, tendo passado por portais de destaque como Cadê?, StarMedia Brasil, iBest, Globo.com e Click21. Gosta de assuntos como mistérios, criptozoologia, expedições e descobertas científicas. É editor do portal Mundo & História.