De veículo do Tarzan a facilitador para insetos, o cipó habita o imaginário humano desde a infância, graças a muitas produções de entretenimento – de desenhos e filmes a games – que mostram pessoas e criaturas utilizando o famoso escalador.
Mas o que seria exatamente o cipó? De onde ele nasce? Ele é uma trepadeira? Vamos conhecer um pouco mais sobre este cordão natural da floresta.
Afinal, o que é o cipó?
Cipós são plantas lenhosas ou herbáceas que crescem enrolando-se em outras plantas, especialmente em árvores. Eles usam outras plantas como suporte para alcançar a luz solar necessária para a fotossíntese. Cipós podem ser encontrados em florestas tropicais, onde competem pela luz em um ambiente denso.
Se você está se perguntando qual o nome científico do cipó, é preciso entender que esta “corda natural” não diz respeito a uma única espécie de planta, ele é um termo que se refere a um grupo de plantas trepadeiras.
Algumas espécies famosas de cipós incluem o cipó-chumbo (Cuscuta sp.), cipó-alho (Mansoa alliacea), cipó-embaúba (Cecropia glaziovii), jade-vine (Strongylodon macrobotrys) e cipó-azougue (Marsdenia sp.). Cada uma dessas espécies tem características e habitats específicos, mas todas compartilham a habilidade de crescer apoiando-se em outras plantas.
Como os cipós nascem da árvore?
Como já explicado anteriormente, cipós são plantas trepadeiras. Logo, eles não nascem das árvores; eles germinam no solo e depois se desenvolvem buscando a luz solar. Para que isso aconteça, eles crescem em direção ao topo das árvores, enrolando-se ao redor dos troncos e galhos.
O crescimento descrito acima é guiado por estímulos ambientais, como a gravidade e a luz, que orientam o cipó a se enrolar em direção ao alto. Exemplos de florestas ricas em cipós incluem a Amazônia e a Mata Atlântica.
Personagens familizarizados com cipós
Como falado no início do texto, o cipó habita o nosso imaginário há um bom tempo. E grande parte disso pode ser por conta das produções de entretenimento. Quem nunca brincou de imitar o clássico grito do Tarzan e se imaginou passando de árvore em árvore com a ajuda de cipós? Abaixo listamos alguns personagens famosos que possuem forte ligação com essa planta trepadeira.
Tarzan: começando por ele, o Rei da Selva. O personagem fictício criado por Edgar Rice Burroughs é um dos mais famosos usuários de cipós. Criado por macacos na selva africana, Tarzan (que é o seu nome mangani; seu nome verdadeiro é John Clayton III, Lorde Greystoke) frequentemente se move de árvore em árvore balançando em cipós. Essa conexão é tão forte que não há como pensarmos em Tarzan sem pensarmos em cipó, da mesma forma que não há como pensarmos em cipó sem lembrarmos do Tarzan. Nas histórias, sua habilidade de usar cipós é um símbolo da sua força física e da sua conexão íntima com a selva.
Mogli: o protagonista de “O Livro da Selva”, de Rudyard Kipling, também é conhecido por sua habilidade em usar cipós. Criado por lobos na selva indiana, Mogli aprendeu a se locomover rapidamente pela floresta utilizando os cipós, da mesma forma como Tarzan faz (talvez não com tanta destreza, mas até que o Menino Lobo se vira bem).
King Kong: o famoso macaco gigante apareceu pela primeira vez em um filme homônimo de 1933. E já nesse filme, que faz uso da técnica de animação stop motion, podemos ver os personagens Driscoll e Ann descendo de um penhasco em um grande cipó, isto enquanto Kong está distraído lutando contra um pteranodonte. Produções mais recentes do kaiju peludo, incluindo King Kong (2005) e A Ilha da Caveira (2017) também mostram cipós.
Estas plantas trepadeiras aparecem ainda em filmes do Indiana Jones, em jogos da série Tomb Raider (Lara Croft) e até mesmo em retrogames clássicos como Pitfall, Jungle Hunt e Athletic Land.
A importância do cipó
Cipós desempenham um papel crucial nos ecossistemas florestais. Eles ajudam a formar pontes entre as copas das árvores, permitindo o trânsito de pequenos animais e insetos. Além disso, fornecem alimento e abrigo para muitas espécies e contribuem para a diversidade e a complexidade estrutural das florestas.
Leia também: Não é o morcego! Este animal tem a audição mais apurada do mundo
No que diz respeito a abrigo, os cipós servem para aves construírem seus ninhos, mas também proporcionam micro-habitats para insetos e outros pequenos invertebrados, além de suportarem epífitas (plantas que crescem sobre outras plantas) e plantas parasitas. Bromélias, orquídeas e outras epífitas, por exemplo, podem encontrar em algum cipó um local adequado para crescer, beneficiando-se da altura e da exposição à luz solar.
Curiosidades sobre o cipó
Diversidade de espécies: existem mais de 1.500 espécies de cipós só na Amazônia, pertencentes a diferentes famílias botânicas;
Usos medicinais: muitas espécies de cipós têm propriedades medicinais. Por exemplo, o cipó-titica (Heteropsis flexuosa) possui propriedades antioxidantes, que ajudam a combater os radicais livres em nosso organismo;
Construção e artesanato: cipós como o cipó-imbé são amplamente utilizados na construção de móveis e na fabricação de artesanato devido à sua resistência e flexibilidade;
Beleza natural: algumas espécies de cipós produzem flores perfumadas e vistosas, atraindo polinizadores como abelhas, beija-flores e borboletas;
Alimento: certas espécies de cipós produzem frutos comestíveis que são consumidos por animais e humanos;
Crescimento rápido: cipós podem crescer rapidamente, estendendo-se por metros em um único ano, o que os torna eficientes em cobrir grandes áreas de floresta;
Parasitismo: algumas espécies de cipós são parasitas, extraindo nutrientes de outras plantas para sobreviver;
Uso em rituais: em algumas culturas indígenas, cipós são utilizados em rituais e cerimônias devido a suas propriedades medicinais. O cipó-mariri, por exemplo, é um dos ingredientes principais do ayahuasca, usado em cerimônias xamânicas na Amazônia.
Jornalista pioneiro no campo da internet brasileira, Mario Cavalcanti começou a trabalhar com conteúdo online em 1996, tendo passado por portais de destaque como Cadê?, StarMedia Brasil, iBest, Globo.com e Click21. Gosta de assuntos como mistérios, criptozoologia, expedições e descobertas científicas. É editor do portal Mundo & História.