O papa Francisco enviou nesta quinta-feira (23) uma mensagem ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, e cobrou que a inteligência artificial (IA) seja usada em prol de um “desenvolvimento mais saudável e humano”.
O texto foi mandado ao presidente do evento, Klaus Schwab, e alerta para o risco de que a IA seja usada para “promover o ‘paradigma tecnocrático’, segundo o qual todos os problemas do mundo podem ser resolvidos apenas com meios tecnológicos”.
“Nesse paradigma, a dignidade e a fraternidade humana são frequentemente subordinadas à busca pela eficiência, como se a realidade, a bondade e a verdade emanassem intrinsecamente do poder tecnológico e econômico. No entanto a dignidade humana jamais deve ser violada em benefício da eficiência”, diz o Papa na mensagem.
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“As evoluções tecnológicas que não melhoram a vida de todos e que, pelo contrário, criam ou aumentam desigualdades e conflitos não podem ser definidas como verdadeiro progresso. A IA deve ser colocada a serviço de um desenvolvimento mais saudável, humano, social e integral”, salienta o líder da Igreja Católica.
Por outro lado, o pontífice acredita que, se usada corretamente, a inteligência artificial pode “ajudar o ser humano a realizar sua vocação em liberdade”. “Como qualquer atividade humana, a IA deve ser voltada à pessoa humana”, destaca. ANSA.
Papa e IA: pedido antigo
Em 2024, papa Francisco já havia se pronunciado em relação à inteligência artificial. Na ocasião, o pontífice cobrou a necessidade de uma regulamentação internacional da IA para evitar que a tecnologia seja usada de forma distorcida.
“Já entendemos a ambivalência ao vivenciar em primeira mão, ao lado das oportunidades, também os riscos e as patologias. É importante ter a possibilidade de compreender e regulamentar ferramentas que, em mãos erradas, podem abrir cenários negativos”, analisou o líder religioso.
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Além de alertar sobre os riscos da IA, o líder da Igreja Católica falou dos problemas provocados pelas “deep fakes” (a criação de vídeos e áudios falsos por meio da tecnologia). Ele mesmo foi alvo de fotos não verdadeiras suas usando um moderno casaco e andando de moto.
“Como tudo o que vem da mente e das mãos do homem, os algoritmos não são neutros. Portanto, é necessário agir preventivamente, propondo modelos de regulação ética para conter as implicações prejudiciais, discriminatórias e socialmente injustas”, disse.