O Vaticano publicou nesta terça-feira (28) um documento em que alerta que a inteligência artificial contém a “sombra do mal” e arrisca ser usada para “ampliar desigualdades”.
O texto “Antiqua et nova [Antiga e nova]: Nota sobre a relação entre inteligência artificial e inteligência humana” aborda o impacto dessa tecnologia em vários campos, a partir de reflexões do papa Francisco nos últimos anos, e foi publicado pelos dicastérios para a Doutrina da Fé e para a Cultura e Educação.
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“É necessário lembrar que a IA não é nada além de um pálido reflexo da humanidade, sendo produzida por mentes humanas, treinada a partir de material produzido por seres humanos, predisposta a estímulos humanos e apoiada pelo trabalho humano”, diz o documento, alertando que, ao buscar um “substituto para Deus”, o ser humano arrisca se tornar “escravo da própria obra”.
“Como qualquer produto da engenhosidade humana, a IA pode ser dirigida a fins positivos ou negativos. Quando é usada de maneiras que respeitam a dignidade humana e promovem o bem-estar, ela pode contribuir favoravelmente. No entanto, como em todos os âmbitos onde os seres humanos são chamados a decidir, aqui também se estende a sombra do mal”, ressalta o Vaticano.
Segundo o documento, a IA deveria ser utilizada “apenas como instrumento complementar da inteligência humana, e não para substituir sua riqueza”. Além disso, o texto alerta para o risco de a tecnologia ser usada para “prolongar situações de marginalização e discriminação, para criar novas formas de pobreza, para ampliar o abismo digital e agravar as desigualdades sociais”.
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“Além disso, é sabido que os atuais programas de IA podem fornecer informações distorcidas ou fabricadas, induzindo estudantes a confiar em conteúdos inexatos. Deste modo, existe o risco não apenas de legitimar fake news ou fortalecer a vantagem de uma cultura dominante, mas também de minar o processo educativo”, aponta o documento. ANSA.
Pedidos do papa Francisco em relação a IA
Esta não é primeira vez que o líder religioso faz apelos sobre o assunto. Em 2024, papa Francisco já havia se pronunciado em relação à inteligência artificial. Na época, o pontífice, que já foi vítima de fotos falsas manipuladas por IA, cobrou a necessidade de uma regulamentação internacional para evitar que essa tecnologia seja usada de forma distorcida.
“Já entendemos a ambivalência ao vivenciar em primeira mão, ao lado das oportunidades, também os riscos e as patologias. É importante ter a possibilidade de compreender e regulamentar ferramentas que, em mãos erradas, podem abrir cenários negativos”, analisou o líder religioso.