Em Nova York, nos Estados Unidos, um homem surpreendeu juízes ao tentar defender seu caso em um tribunal de apelações com a ajuda de um avatar gerado por inteligência artificial (IA). O episódio, protagonizado por Jerome Dewald, ocorreu durante uma audiência ao vivo no último dia 26 de março, no contexto de uma disputa trabalhista.
A situação inusitada chamou atenção quando, em vez de comparecer pessoalmente ou com um advogado real, Dewald apresentou na tela um avatar jovem, de cabelo impecável e vestindo terno. Ao ser questionado pela juíza Sallie Manzanet-Daniels sobre a identidade do suposto advogado, Dewald revelou que se tratava de uma criação por IA.
A magistrada interrompeu a audiência e demonstrou insatisfação por não ter sido previamente informada sobre o uso da tecnologia (veja vídeo abaixo). Posteriormente, Dewald enviou um pedido de desculpas ao tribunal, alegando que acreditava que o avatar apresentaria seus argumentos de forma mais eficaz do que ele mesmo. Ele afirmou ainda que havia solicitado permissão para exibir um vídeo pré-gravado e utilizou uma ferramenta tecnológica para criar a representação virtual.
Caso reacende debate sobre a tecnologia
O episódio reacendeu o debate sobre os limites e a ética do uso de inteligência artificial no sistema judiciário. Não é a primeira vez que a tecnologia causa controvérsia em processos legais — em outros casos, advogados já foram penalizados por seu uso inadequado.
Especialistas alertam para os riscos da aplicação da IA sem regulamentação clara, especialmente em contextos sensíveis como o judicial. O caso Dewald ilustra os dilemas éticos e os desafios que acompanham a crescente integração de ferramentas digitais em ambientes formais.
A IA em ambientes públicos já é realidade
Aqui no Mundo & História, estamos sempre noticiando o uso de inteligência artificial em diferentes contextos. Sua inserção e imersão em espaços públicos e na sociedade já é uma realidade cada vez mais comum.
Em 2024, por exemplo, um zoológico em Madri, na Espanha, passou a contar com uma assistente virtual controlada por IA. Batizada de Irenia, ela orienta os visitantes e sugere rotas personalizadas com base nos interesses de cada pessoa.
Recentemente, 13 museus de ciência e tecnologia da China adotaram assistentes inteligentes semelhantes. Segundo o Museu de Ciência e Tecnologia da China (CSTM), a proposta vai além de melhorar a experiência do público: o objetivo é criar uma rede inteligente com múltiplas aplicações, ampliando o uso da IA no setor cultural.