Cientistas desenvolveram um sistema de IA não invasivo focado em traduzir a atividade cerebral de uma pessoa em um fluxo de texto, de acordo com um estudo revisado por pares publicado na segunda-feira (1º) na revista Nature Neuroscience.
O sistema, chamado de decodificador semântico, pode beneficiar pacientes que perderam a capacidade de se comunicar fisicamente após sofrerem um derrame, paralisia ou outras doenças degenerativas.
Pesquisadores da Universidade do Texas, em Austin, Estados Unidos, desenvolveram o sistema em parte utilizando um modelo de transformador, que é semelhante aos que suportam o chatbot Bard, do Google, e o chatbot ChatGPT, da OpenAI.
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De acordo com a CNBC, os participantes do estudo treinaram o decodificador ouvindo várias horas de podcasts dentro de um scanner de ressonância magnética f, que é uma grande peça de maquinaria que mede a atividade cerebral. O sistema não requer implantes cirúrgicos.
Uma vez que o sistema de IA é treinado, ele pode gerar um fluxo de texto quando o participante está ouvindo ou imagina contar uma nova história. O texto resultante não é uma transcrição exata, mas os pesquisadores o projetaram com a intenção de capturar pensamentos ou ideias gerais.
Método é considerado um grande salto nesse campo
De acordo com um comunicado de imprensa, o sistema treinado produz um texto que corresponde de perto ou com precisão ao significado pretendido das palavras originais do participante.
Por exemplo, quando um participante ouviu as palavras “Eu ainda não tenho minha carteira de motorista” durante um experimento, os pensamentos foram traduzidos para: “Ela ainda nem começou a aprender a dirigir”.
“Para um método não invasivo, este é um verdadeiro salto em comparação com o que foi feito antes, que normalmente eram palavras únicas ou frases curtas”, disse Alexander Huth, um dos líderes do estudo, no comunicado. “Estamos conseguindo que o modelo decodifique a linguagem contínua por longos períodos de tempo com ideias complicadas”, completou.
Tecnologia baseada em IA está sendo patenteada
Os participantes também foram solicitados a assistir a quatro vídeos sem áudio enquanto estavam no scanner, e o sistema de IA foi capaz de descrever com precisão “certos eventos” deles, disse o comunicado.
O decodificador não pode ser usado fora de um ambiente de laboratório porque depende do scanner fMRI, mas os pesquisadores acreditam que ele poderia eventualmente ser usado por meio de sistemas de imagem cerebral mais portáteis.
Os principais pesquisadores do estudo registraram um pedido de patente PCT para a tecnologia.
Jornalista pioneiro no campo da internet brasileira, Mario Cavalcanti começou a trabalhar com conteúdo online em 1996, tendo passado por portais de destaque como Cadê?, StarMedia Brasil, iBest, Globo.com e Click21. Gosta de assuntos como mistérios, criptozoologia, expedições e descobertas científicas. É editor do portal Mundo & História.