Pelo menos 100 elefantes morreram no maior parque nacional do Zimbábue, na África, nas últimas semanas por causa da seca. A tragédia é um sinal do que as autoridades da vida selvagem e grupos de conservação dizem ser o impacto das mudanças climáticas e do fenômeno climático El Niño.
Autoridades alertam que mais elefantes podem morrer, já que as previsões sugerem escassez de chuvas e aumento do calor em partes do país do sul da África, incluindo o Parque Nacional de Hwange, onde as mortes ocorreram.
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O International Fund for Animal Welfare (Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal) descreveu a situação como uma crise para elefantes e outros animais. “O El Niño está piorando uma situação que já é terrível”, disse Tinashe Farawo, porta-voz da Autoridade de Gestão de Parques Nacionais e Vida Selvagem do Zimbábue.
O drama vivido pelos elefantes
Alguns estudos indicam que as mudanças climáticas podem estar tornando o El Niño mais forte, levando a consequências mais extremas. As autoridades temem que se repita o que ocorreu no ano de 2019, quando mais de 200 elefantes em Hwange morreram em uma seca severa. “Este fenômeno é recorrente”, disse Phillip Kuvawoga, diretor do programa de paisagem do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal, que, em um relatório divulgado este mês, deu o alerta para o que acontece com os animais.
O porta-voz da agência de parques, Farawo, postou um vídeo na rede social X (antigo Twitter) mostrando um jovem elefante lutando pela vida depois de ficar preso na lama em um buraco de água que secou parcialmente em Hwange. “Os elefantes mais afetados são os jovens, idosos e doentes, que não podem viajar longas distâncias para encontrar água”, disse Farawo. Segundo ele, um elefante de tamanho médio precisa de uma ingestão diária de água de cerca de 200 litros.
A preocupação com o fenômeno El Niño
O El Niño é um fenômeno climático natural e recorrente que aquece partes do Oceano Pacífico, afetando os padrões climáticos em todo o mundo.
Embora o El Niño de 2023 tenha causado enchentes mortais recentemente na África Oriental, espera-se que ele provoque chuvas abaixo da média em todo o sul da África, o que pode representar mais secas.
Os esforços para ajudar os animais do parque
Hwange é o lar de cerca de 45 mil elefantes, juntamente com mais de 100 outras espécies de mamíferos e 400 espécies de aves.
A estação chuvosa no Zimbábue costumava começar de maneira confiável em outubro e se estendia até março. Nos últimos anos, ela tem se tornado irregular, e os conservacionistas têm observado períodos secos mais longos e severos. “Nossa região terá significativamente menos chuvas, então o período de seca pode retornar em breve por causa do El Niño”, disse Trevor Lane, diretor do The Bhejane Trust, um grupo de conservação que auxilia a agência de parques do Zimbábue.
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Segundo Lane, sua ONG tem bombeado 1,5 milhão de litros de água para os poços de Hwange diariamente a partir de mais de 50 poços artesianos que gerencia em parceria com a agência de parques. O parque de 14.500 quilômetros quadrados, que não possui um rio importante, conta com pouco mais de 100 poços movidos a energia solar que bombeiam água para os animais.
Os conservacionistas explicam que salvar elefantes vai além do bem dos animais. Eles são aliados essenciais no combate às mudanças climáticas por meio do ecossistema, dispersando a vegetação por longas distâncias por meio de fezes que contém sementes de plantas, permitindo – tal qual acontece com as aves – que as florestas se espalhem, se regenerem e floresçam. As árvores, por suas vezes, retiram da atmosfera o dióxido de carbono, responsável pelo aquecimento global.
Via NBC News.
Jornalista pioneiro no campo da internet brasileira, Mario Cavalcanti começou a trabalhar com conteúdo online em 1996, tendo passado por portais de destaque como Cadê?, StarMedia Brasil, iBest, Globo.com e Click21. Gosta de assuntos como mistérios, criptozoologia, expedições e descobertas científicas. É editor do portal Mundo & História.